“Lenda da cobra Coluber Briga
Há muito, muito tempo, num reino, à beira de um rio de águas límpidas, vivia uma princesa cujo nome era Neiva.
Ela era linda, com seus cabelos longos e macios, olhos brilhantes como estrelas em noites de verão e uma pele suave e delicada, como seda.
Por onde a princesa passava, despertava paixões.
Mas o coração da princesa batia forte por um jovem e galante cavaleiro chamado Gastão de Mendonça.
Quem se opunha a esse amor era o rei Hércules Líbio, o pai da princesa, que considerava Gastão de Mendonça indigno da sua formosa Neiva, por ser um cavaleiro sem fama nem glória.
Ele ambicionava que sua filha casasse com um grande herói, reconhecido e admirado por todos os povos. Por isso, não consentia a união dos dois jovens enamorados.
Nessa altura, uma serpente gigantesca, medonha, a quem o povo chamava Coluber, aterrorizava a população. As pessoas viviam em pânico, receando um ataque desse animal monstruoso que tudo destruía.
Perspicaz, a princesa Neiva achou que a temível serpente poderia ser uma oportunidade para o jovem cavaleiro, que amava, mostrar a seu pai que era realmente forte e destemido:
– Senhor meu pai, precisamos de alguém capaz de eliminar Coluber e de acabar com este medo em que vivemos. Eu casarei com quem conseguir matar a serpente.
O pai concordou.
O anúncio foi espalhado por toda a corte e todos os cavaleiros se prontificaram a eliminar o terrível monstro para poderem casar com tão bela princesa.
Mas bastava verem Coluber era aproximar-se, com o seu aspeto terrível, para fugirem a sete pés. Porém Gastão de Mendonça não desistiu!
Observou durante muitos dias a rotina da serpente e descobriu que ela se escondia sempre na mesma gruta.
Certo dia, quando a viu rastejar e desaparecer dentro da gruta, o valente cavaleiro dirigiu-se para a entrada, juntou troncos de madeira, ateou o lume acendendo uma enorme fogueira e encaminhou o fumo para o interior.
Passado pouco tempo, Coluber saiu da Gruta, entontecida, desorientada e sufocada pelo fumo. Gastão de Mendonça, de espada em punho, lançou-se a serpente e os dois lutaram durante muito tempo.
O Coração do cavaleiro batia fortemente, com receio daquele enorme monstro, mas também com muita determinação, pronto a conseguir vencer e ganhar a tão desejada recompensa.
Mas a cobra era brutal, muito ágil, e continuava cheia de energia. Gastão, já muito cansado, achou que nunca iria vencer!
Então, desesperado, apertado pelos anéis de Coluber, sentiu uma força anímica que o fez investir a sua espada contra ela e…
ZÁS! – O Derradeiro ataque foi fatal!
A gigantesca serpente ficou no chão, sem vida, um ser estático que nunca mais poderia espalhar ansiedade nem terror.
O rei Hércules Líbio manteve a sua promessa, orgulhoso da audácia de Gastão de Mendonça, admitindo que a bravura do jovem cavaleiro estava à altura do amor da sua nobre e linda Neiva:
– Cavaleiro Gastão de Mendonça, consagro-te herói! E de hoje em diante esta terra vai chamar-se “Coluber Briga”, para que todos se lembrem da tua batalha com a cobra.
Fez-se, então, o casamento, com muita música, dança, alegria, pois as pessoas estavam felizes pelo resultado da luta contra o medo.
Diz a lenda que O Tempo foi transformando aquele lugar, dando-lhe cada vez mais casas, habitantes, estradas, pontes, importância, poder.
E, com o poder do tempo, “Coluber Briga” foi dando origem ao nome atual da Bela cidade de Coimbra.”
Câmara Municipal de Coimbra
Praça 8 de Maio, 3000-300 Coimbra