Requalificação Estrutural do Bairro do Ingote “Ex-Ighape”

IDENTIFICAÇÃO
Requalificação Estrutural do Bairro do Ingote “Ex-Ighape” – Galerias de acesso aos lotes 10 a 17

 

 

 

LOCALIZAÇÃO
Bairro do Ingote “Ex-Ighape”, União de Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades, Município de Coimbra.

PROJETO
Projeto de Execução e Especialidades: Itecons – Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade

 

MEMÓRIA DESCRITIVA

A presente memória diz respeito ao projeto de reabilitação estrutural das galerias que dão acesso aos lotes 10 a 17 do Bairro do Ingote, “Ex-Ighape”, localizados a norte de Coimbra, tendo o Município de Coimbra solicitado ao Itecons a elaboração do projeto. A reestruturação deve-se ao elevado risco de segurança em que se encontram grande parte dos elementos estruturais, de betão armado, sobretudo devido a problemas de corrosão de armaduras e delaminação de betão, provocados, principalmente por insuficiente recobrimento.

As análises efetuadas levaram a uma solução de compromisso, com desconstrução das lajes em piores condições e o aliviar do elevado peso dos enchimentos das lajes a manter, e criar alternativas leves que permitem encarar mais facilmente a requalificação de pilares e vigas, que serão mantidos.

 

Imagem n.º 1 – Corte transversal tipo do pavimento

 

Verificou-se que a elevada espessura da camada de forma se deve à necessidade de cobrir os ramais dos tubos de queda que descem da cobertura exteriormente às fachadas dos edifícios e que passam sobre as lajes em direção aos tubos de queda fixos aos pilares situados no plano frontal das galerias.

 

Como solução, os tubos de queda serão prolongados para baixo da estrutura dos pavimentos novos ou existentes, ficando os ramais à vista, no teto dos pisos inferiores das galerias. A sua visão, se considerada desagradável, poderá ser eliminada com vigas falsas, embora a situação à vista seja a ideal para operações de reparação ou manutenção.

 

As guardas das galerias e das 3 escadas existentes estão contruídas em alvenaria de tijolo.

 

A guarda mais comprida, localizada no plano frontal superior, encontra-se inclinada para o exterior, de forma percetível a olho nu, e apresentando vibrações fortes, quando sujeita a embates, indiciando que nunca resistiria à carga horizontal regulamentar de 1 kN/m. Nestas condições, esta guarda bem como as restantes guardas, com exceção das guardas de escadas, serão substituídas por uma guarda metálica suficientemente resistente, devidamente tratada contra a corrosão (galvanização a quente) e com a vantagem adicional de tornar as galerias mais transparentes do exterior e com mais luz no piso intermédio.

 

Imagem n.º 2 – Secção tipo da guarda metálica

 

Em relação ao revestimento do pavimento, considerou-se inicialmente a hipótese de um “deck” de madeira tratada, mas técnicos da Câmara manifestaram interesse pela alternativa de “deck” compósito, sobretudo pela menor necessidade de manutenção e maior resistência ao envelhecimento.

 

Imagem n.º 3 – Corte do pormenor do topo de guarda e deck

 

As réguas do “deck” têm um sistema de perfis de apoio em PVC que permite uma montagem rápida, mas que não tem resistência para vencer vãos elevados, pelo que requerem um apoio quase contínuo. Optou-se por apoiar as réguas sobre chapas de aço perfiladas com ondas de 220 mm e 111 mm (esta última usada nos lotes onde, junto à caleira, se mantém a laje de betão armado), que permitem pequenos vãos para os perfis de apoio e, simultaneamente, realizar a drenagem do pavimento. Para o efeito, todo o conjunto é montado com uma inclinação de 1%, com o nível mais baixo junto à viga do plano frontal (conforme corte transversal tipo apresentado na Imagem n.º 1).

 

Imagem n.º 4 – Esquema do sistema tipo de drenagem das águas pluviais da galeria

 

Junto a esta viga e entre cada par de vigas transversais é montada uma caleira com uma descarga direta para o tubo de queda, se existir nesse tramo, ou para um ramal que conduza para o próximo tubo de queda.

 

Nas zonas de desconstrução das lajes, as chapas perfiladas apoiarão sobre madres comerciais, perfiladas de chapa galvanizada, fixas às vigas transversais de betão armado, a manter e tratar, através de cantoneiras de chapa galvanizada e quinada. Nas zonas onde as lajes se mantêm, o apoio das chapas perfiladas faz-se sobre perfis Z, realizados com chapa galvanizada e quinada, por vezes com altura variável.

 

Imagem n.º 5 – Planta de lajes a demolir e a manter

 

A estrutura de betão armado a manter – pilares, vigas e parte das lajes – será tratada através do saneamento de superfícies de betão degradado e em risco de destacamento, limpeza de armaduras, aplicação de produtos de preservação do aço, reposição do betão de recobrimento com argamassa estrutural e aplicação de reboco geral armado com fibras de vidro.

 

O topo nascente das galerias termina com um muro de guarda. Contudo, a cerca de 5 metros de distância, existe uma rua com pequeno desnível em relação ao pavimento superior. Por sugestão de um morador com deficiências motoras entendeu-se criar entre os dois espaços uma rampa de acesso em estrutura metálica, permitindo o acesso de pessoas com mobilidade condicionada. A rampa poderá igualmente ser utilizada para acesso da população geral (Imagem n.º 6).

 

Imagem n.º 6 – Nova rampa metálica de acesso na extremidade nascente

 

DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS TRABALHOS
O processo construtivo deve ter em conta os seguintes condicionalismos principais, derivados de os edifícios se manterem habitados (e com estabelecimentos comerciais em funcionamento) no decorrer das obras:

– Os acessos aos edifícios têm de ser garantidos e com segurança, embora possam não ser pelos caminhos mais curtos;
– A rede de drenagem das águas pluviais só pode ser interrompida por pequenos períodos e em dias sem chuva prevista;

– Têm de manter-se em funcionamento as redes de gás, eletricidade e telecomunicação, podendo ser interrompidas por períodos inferiores a uma hora, e dependentes de aviso prévio aos habitantes com 3 dias de antecedência;

– Dada a pequena inclinação das chapas de drenagem e suporte do novo pavimento do terraço sobre as galerias, as chapas não podem ter emendas transversais, obrigando a colocar uma chapa única desde a caleira até à parede de topo onde termina.

 

O último condicionalismo impõe que cada tramo de laje seja demolido integralmente de forma a poderem montar-se todas as madres transversais e só no fim as chapas e o revestimento de pavimento. Até que este procedimento esteja concluído não se pode avançar para o tramo seguinte, a menos que o acesso ao lote esteja assegurado pelo lado oposto, por tramos não iniciados ou já concluídos. A saída do edifício pode ser assegurada pelas escadas dos lotes 10, 14 ou 17 e ainda pela rampa nascente se já estiver instalada.

 

A rapidez é condicionante na execução dos trabalhos de demolição e montagem já referidos, pelo que para estes trabalhos é necessário garantir equipas multidisciplinares a trabalhar em pequenos desfasamentos de tempo, em vez de realizar muitos trabalhos de cada especialidade antes de avançar com a especialidade seguinte.

 

No caso de trabalhos nos tramos centrais de cada lote, onde existe a porta de entrada de cada edifício, é necessário utilizar uma plataforma provisória, mas de segurança garantida, com uma guarda de um só lado, com cerca de 3.20 m de vão. A plataforma será encostada à pequena fachada saliente da porta, de forma a garantir a entrada e saída do edifício para o tramo anterior ou seguinte, desde que não iniciados ou já concluídos. Permitirá também passagem a pessoas que circulam entre lotes.

 

Quanto aos trabalhos de infraestruturas, há que adiantar ao máximo todos os novos trabalhos e só depois de concluídos se procede ao corte das infraestruturas existentes para ligação rápida às novas redes. Por exemplo, no caso dos esgotos pluviais é vantajoso que, antes da demolição da laje respetiva, se aplique a nova rede fixa a uma viga transversal, mas a futura demolição pode vir a danificar a tubagem, pelo que será preferível prepará-la totalmente no exterior, reparar as armaduras das vigas, demolir a laje, rebocar e pintar as vigas e só depois aplicar a tubagem, numa operação rápida. A pintura anterior pode ser danificada com a fixação da tubagem, mas a pintura posterior é muito mais complexa com a tubagem já montada.

 

CONCURSO PARA A REALIZAÇÃO DA OBRA

 

 

EXECUÇÃO DOS TRABALHOS

A fiscalização e a coordenação da segurança da obra é efetuada pelo Departamento de Edifícios e Equipamentos Municipais.

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