História

Na sequência desta concessão  a Câmara, aos 6 de Novembro de 1795, deliberou “(…) os oficiais da Câmara da Cidade de Coimbra que em virtude da Provizão Régia datada de 14 (?) de Março de 1781 procederão à eleição de Capitão ou Guia e mais Operários, e Conductores que de necessidade havião de trabalho com as Bombas nos carros fortuitos dos incêndios; dando todas as providencias que forão indispensáveis, em termos para os referidos carros; e tudo na forma ao officio (…): E para quê todos sobreditos efeitos, milhor hajão de desempenhar as obrigaçoes que saibão adestrictos, e obrigados, a gozarem dos seus privilégios. Supplicam a VExc.ª a confirmação de todos (…) Mas, mandandolhe passar Ordem de intimação dirigida ao chefe Commandante da Ordenação deste destricto, para ele (…) a fazer cumprir; e bem executar (…)”.

Em Despacho datado de 19 de Dezembro de 1795, a Rainha confirmou a solicitação apresentada, no seguinte teor: ” O Capitão Mor das Ordenanças cumprirá, fará dar inteiro cumprimento aos privilégios concedidos por Sua Mag.e aos Indivíduos occupados no exercício das Bombas desta cidade aplicadas para accudir aos incêndios, libertandoos de todos os Mandos e Funções das Orden.ças pela grd.e utilid.e q’se segue ao Público da Sua assistência nos próprios destinos, tudo na conformidade das Leaes Ordens; fazendolhe primeiro vêr cada hum dos Sobreditos por Nomeação do Senado da Câmara confirmada por este Governo, que tem praça em algumas das Comp.as de Coimbra (…)”.
Neste mesmo ano, e segundo os “Anais do Município”, os designados para o Serviço das Bombas que não comparecessem ao local das bombas ao ouvir o toque de fogo (dado através de toques de sino da igreja), ficariam sujeitos ao pagamento de uma multa, fixada em 4 000 réis para o Comandante e seu Ajudante e de 2 000 réis o restante pessoal. O dinheiro destas multas era aplicado para reparação das referidas Bombas.

Em contrapartida e segundo a mesma fonte eram, os designados para o Serviço das Bombas, isentos de avultamento, ou seja, as casas para estas tropas se instalarem eram gratuitamente cedidas pelas pessoas. 
Todavia, há registos da existência de, pelo menos, uma Bomba no Mosteiro de Santa Cruz, propriedade dos Frades Crúzios, como nos relata o texto a seguir,  transcrito dos “Anais do Município” : ” Na sequência de um incêndio na noite de 21 para 22 de Novembro de 1778 na casa de mulher viúva da dita cidade o fogo que devorou três vidas e respectivos bens; não foi consumida a viúva por ter conseguido fugir nua e descomposta pelos telhados de uma ilha de casas. A bomba existente, pertença dos Frades Crúzios que por estarem em clausura não abriram logo a porta demorando algum tempo”.

No dia 31 de Março de 1824 em vereação e junto da nobreza e povo foi apresentada proposta feita pelo “machinista” Bernardo Ferreira de Brito onde pedia um ordenado de “100$000 reis” anuais para conduzir e ter sempre limpas as bombas. A mesma fonte refere que a Câmara aceitou impondo-lhe uma multa de “12$000 reis” por cada falta de comparência a incêndio.
No mesmo dia, o jornal “O Conimbricense” referia que o serviço de incêndios “tem melhorado consideravelmente em Coimbra mas não atinge ainda a perfeição que se observa nos países estrangeiros”.Em sessão de Câmara de 1845 foi deliberado organizar e completar as Companhias de Bombeiros, a começar pela nomeação do Comandante que não possuíam.

Na sequência dum incêndio na Rua Direita, em Agosto do mesmo ano, a Câmara deliberou que não deveriam ser levados os potes, cestos, archotes e outros utensílios sem sua prévia autorização, pois esta tinha que os pagar se desaparecessem ou se destruíssem. Neste incêndio foi multado o Oficial de Diligências por não ter tocado o sino e o seu ajudante por não ter comparecido ao incêndio.
14 anos depois, em 1859, foi aprovado o aumento do quadro activo do Corpo de Bombeiros para 60 elementos e que passassem a usar um boné com as iniciais B.C. (Bombeiros de Coimbra).

Quanto aos utensílios utilizados na época, alguns ainda hoje são usados ao serviço, como é o caso dos machados, croques, cordas e mangas de salvação; para além destes usavam ainda forquilhas, cestos de salvação, potes e archotes.

Neste mesmo ano a Câmara mandava comprar baldes, até perfazer o número de 300 e que estes fossem distribuídos pela cidade às mulheres, ficando estas com o encargo de os guardar para acudir aos incêndios.
Tal como hoje, havia na altura um registo com o nome dos empregados, data de entrada, promoções na carreira, sua ocupação na Corporação, profissão anterior e residência.
Segundo os “Anais do Município de Coimbra” foi votada, em Assembleia de 5 de Dezembro de 1889, “a dissolução completa do Corporação de Bombeiros Municipais, por se terem negado à comparência do exercício mensal.”

 

 

 Bomba Manual  bandeira antiga

Bomba manual
Ano: 1890 aprox. 

Antiga bandeira da Corporação
Inaugurada em 16/10/1927

 

 

 

Em 30 de Dezembro do mesmo ano e nos dias 23 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 1890 registam os mesmos Anais nomeações de bombeiros municipais, donde se conclui que, por não haver registo da dissolução efectiva da Corporação, os bombeiros que compunham o quadro da Corporação foram mesmo demitidos.

Em 1890 o serviço de incêndio passa a denominar-se Corpo de Salvação Pública.

Com o crescimento da cidade e na sequência de alguns grandes incêndios, em que houve graves danos patrimoniais e perda de muitas vidas, a Câmara Municipal publicou, em 6 de Julho de 1898, um regulamento para o serviço da “Companhia das Bombas”, então Corpo de Salvação Pública, com três secções e um efectivo de 1 sargento, 1 segundo sargento, 2 cabos e 36 soldados, todos eles pertencentes ao Corpo da Guarda Fiscal.

 

No ano de 1900 pensa-se em nova remodelação do “Serviço de Incêndios”- Corpo de Salvação Pública -. É a 13 de Março deste mesmo ano que a Câmara faz novo pedido a Sua Majestade através de uma carta assinada por várias personalidades da cidade com o seguinte teor: “ (…) Agora que esta cidade tem não só a Corporação de Bombeiros Municipais com o respectivo material de incêndio (…). (…) pedia à Rainha a precisa auctoridade para que a Câmara podesse obrigar com penas pecuniárias e de prisão os individuos necessários para o dito effeito, sendo repartidos em duas companhias, cada uma com vinte homens, com seu guia a quem obedecessem e que as podesse dirigir e commandar em forma na ocasião dos incêndios, servindo cada companhia por tempo de seis mezes”.

 

Foram feitos registos actuais, com base em informações verbais, de que a corporação passou por outra reorganização, na primeira década do século XX, quando passou a ser instruída por um subordinado do Grão Mestre que foi Guilherme Gomes Fernandes (símbolo dos bombeiros portugueses). À falta de espaço próprio, a instrução era ministrada no largo do Museu – hoje Largo Marquês de Pombal – e terminava com um exercício simulado no Pátio da Universidade. Nesta altura a Corporação estava equipada com uma escada “Magirus”, dois carros com seis lanços de escada cada um, algumas bombas e carretas de mangueiras.

 

Terá tido lugar nova vaga de despedimentos ou expulsões, pelo que está escrito nos “Anais do Município”, de 20 de Dezembro de 1923, onde diz que “ (…) atendendo à grande falta de bombeiros e pelos bons serviços prestados ultimamente, resolve-se readmitir alguns dos bombeiros que haviam sido expulsos (…)”.

Os bombeiros eram despedidos “por dá cá aquela palha” e as expulsões eram muito frequentes, bem como a readmissão e admissão de pessoal para bombeiro.

 

Em 1924 deduz-se que a Corporação fosse composta por 40 bombeiros, pelos registos de encomenda de 40 uniformes, para os B.M.

Este número foi substancialmente reduzido na sequência de uma exposição feita por 24 bombeiros em que pediam a demissão de um seu Chefe, de apelido Guerra, por alegado abuso de autoridade, ou a demissão de todos eles. A Câmara optou pela demissão dos 24 bombeiros.

 

Em 21 de Janeiro do ano seguinte foi lida, em sessão de Câmara, uma extensa moção das freguesias da cidade, apresentada após um violento incêndio nos Correios, onde a falta de pessoal foi bastante notória, pedindo a readmissão dos bombeiros demitidos e a modificação dos Serviços de Incêndio. Esta moção foi sancionada pela Câmara.

 

Em 1906 possuía a Corporação uma Estação Central na Avenida Sá da Bandeira, no local onde se encontra hoje uma Escola Primária. Havia nas traseiras da Estação uma Casa Escola em madeira para treino dos bombeiros.

 

Mais tarde estas instalações foram demolidas, por deliberação da Câmara – provavelmente para construir o que é hoje a Escola Primária – e material e homens foram transferidos para um barracão existente ao fundo da rua Entre Muros.

Existiu ainda uma Estação na Alta da Cidade, na rua das Colchas (mais tarde designada por Guilherme Gomes Fernandes). A placa toponímica da rua foi recuperada por um bombeiro sapador durante a demolição daquela artéria e está hoje colocada no paredão que dá nome à parada do antigo Quartel da Avenida Sá da Bandeira.

Há também notícia da existência de uma Estação da Corporação no edifício da Câmara Municipal – lado Norte, onde posteriormente esteve instalada a Biblioteca Municipal e hoje espaço para exposições – mais tarde transferida para o Pátio da Inquisição.

Uma outra notícia revela ainda ter existido, simultaneamente, três Estações de bombeiros Municipais, uma na rua do Cego, outra em Montes Claros e uma terceira em Santa Clara, junto ao Quartel Militar que é hoje o Batalhão do Serviço de Saúde.

 

Os Bombeiros da Inspecção de Incêndios de Coimbra vieram a ocupar as instalações da Av. Sá da Bandeira (não a totalidade destas, pois alguns edifícios são de construção posterior), em 14 de Julho de 1910, quatro anos depois de ter sido aprovado o orçamento para a construção do edifício. Esta construção resumia-se ao que é hoje o edifício do Comando e que corresponde ao edifício central.

No rés do chão deste edifício funcionavam as Estações para os carros de tracção animal, estando estes estabulados numa abegoaria existente a Este das instalações.

 

A construção da Casa Escola e restantes edifícios teve início em 1922 e a inauguração terá ocorrido por volta de 1930.

A partir desta década os Serviços de Incêndios ficaram centralizados nestas instalações, tendo a Câmara acabado com todas as outras Estações.

 

O Serviço de Incêndios Municipal recebe o primeiro carro automóvel, para substituir o carro de tracção animal (mulas) no último dia do ano de 1925.

 

Contudo, continua com a falta de pessoal e meios. Chegou a ser publicado em Ordem de Serviço de 16 Outubro de 1926 que sempre que houvesse incêndio fora da cidade, mas dentro do Concelho, estava o Chefe de Serviço autorizado a alugar um automóvel ligeiro, ao máximo de 2$00/ Km, para rebocar a moto bomba, pois o pronto socorro automóvel não podia sair da cidade.

 

Encontra-se ainda inscrito nos  “Anais do Município” no dia 18 de Janeiro de 1940 o seguinte texto: “Toma-se conhecimento do número de unidades que compõem o Corpo de Bombeiros Municipais, através de uma exposição do seu Comandante, Eng.º   José Celestino Regala, que demite de si a responsabilidade de actuar com ínfimo número de bombeiros num possível grande incêndio.”

 

Na sequência desta exposição a Assembleia Municipal em 12 de Dezembro de 1940 aprovou, provisoriamente, o Regulamento Geral do Corpo de Bombeiros Municipais e, em 09 de Janeiro de 1941, são propostas e aprovadas as nomeações em definitivo de vários membros para os Bombeiros Municipais.

 

Em 27 de Fevereiro do mesmo ano é aprovado, com carácter provisório, o Regulamento de Cursos e Graus de Habilitações e preparação do Corpo de Bombeiros Municipal de Coimbra. (Estas notícias foram retiradas dos “Anais do Município”).

 

A Corporação começou a sua existência com o nome de Companhia das Bombas, tendo sido também designado até 1890 como Serviço de Incêndios, passando então a chamar-se Corpo de Salvação Pública e Inspecção de Serviço de Incêndios. Em 1940 passou a designar-se como Corpo de Bombeiros Municipais.

 

A 3 de Abril de 1981 a Assembleia Municipal deliberou passar o Corpo de Bombeiros Municipais a Companhia de Bombeiros Sapadores, cometendo no entanto algumas ilegalidades (porque não lhe competia deliberar como deliberou) vindo a situação a ficar legalizada apenas em 1987.

 

Actualmente a Companhia de Bombeiros Sapadores de Coimbra possui um quadro orgânico aprovado de 140 bombeiros.

 

Na história da CBS de Coimbra há muitos registos de actos de valentia e relatos de actuações rápidas e eficazes no ataque e extinção de grandes incêndios, como é o caso dos incêndios da Rua das Azeiteiras, Correios, Fábrica de Cerâmica Lusitânia, Fábrica de Papel da Lousã e tantos outros. No “Anais do Município” de 28 de Março de 1940 lê-se, a propósito do incêndio da Fábrica de Cerâmica Lusitânia, uma nota do Vereador do Pelouro de Incêndios propondo louvores às duas Corporações envolvidas e, em 18 de Julho do mesmo ano ” O Administrador da Fábrica de Papel da  agradece os bons serviços que os Bombeiros Municipais ali prestaram no edifício incendiado daquela fábrica” .

 

Para além de toda a actividade que desenvolvem como bombeiros, praticam ainda várias modalidades desportivas, como é o caso do voleibol, de que possuem bastantes trofeus, alguns nacionais, futebol, atletismo e manobras de bombeiros – torneio nacional com vista à participação a nível europeu.

 

Em 4 de Julho de 1997 foi lançada a 1ª pedra das actuais instalações, pelo Presidente da Câmara Municipal, Dr. Manuel Machado.

 

A mudança de instalações procedeu-se em 1 de Fevereiro de 1999, com inauguração oficial em 13 de Março de 1999, com a presença do Ministro do Equipamento, do Planeamento e Administração do Território, Eng. João Cravinho.

 

 

Comandantes anteriores

Tenente Coronel Avelino Dantas: 2009 – 2013

Tenente Coronel José Almeida: 2006 – 2009

Coronel Carlos Gonçalves: 1996 – 2005

Capitão Mário Augusto Lebre da Silva Grilo: 1992 – 1995

Major Diogo Joaquim Freire Dá Mesquita Lavajo: 1988 – 1992

Major Jorge António Bernardo: 1982 – 1988

Tenente José  Maria das Neves Cruz e Santos: 1974 – 1981

Tenente Coronel José de Rosa Carvalhal: 1973 – 1974

Tenente António da Silva Brás: 1969 – 1973

Major Manuel Gedeão: 1963 – 1969

Tenente Luiz da Costa Miguel: 1963

Capitão Henrique Lopes Paula de Matos: 1962 – 1963

Capitão Júlio Veiga Simão: 1960 – 1962

Capitão Fernando Leal Robles: 1955 – 1959

Capitão Manuel Maria Delgado e Silva: 1951 – 1955

Tenente Luiz Correia Mourão: 1944 – 1951

Capitão Fernando Artur de Oliveira: 1943 – 1944

Coronel José Celestino Regala: 1938 – 1942

Tenente Fernando De Oliveira Leite: Anos 30

Inspector Arménio Leal Gonçalves: Anos 30

Inspector José de Albuquerque: Anos 20

Inspector José Simões Pais: anos 10 – 20

Comandante António Maria da Conceição: Anos 10 – 20

Inspector Jorge Agnelo Viana Pedreira: Anos 10

Actual Comandante da CBS desde 1996

 

Login

Erro

O seu browser não está atualizado!

Atualize o seu browser de modo a ver corretamente este website. Atualizar o meu browser

×