Intervenção na íntegra:
“PMUS
Decorreu na passada 4ª feira, na escola EB 2,3 Quinta das Flores, a sessão publica no âmbito do PMUS, organizada pela Câmara Municipal (CM) de Coimbra em colaboração com o consorcio Figueira de Sousa e Engimind. Esta sessão que juntou representantes dos vários Stakeholders, permitiu apresentar os resultados da 1ª fase entretanto concluída e destinada à caracterização e diagnóstico e em sequência recolher contributos e sugestões dos presentes, para desenvolvimento das fases consecutivas.
Apesar dos esforços centrados na melhoria do Sistema de transportes públicos, a população de Coimbra mostra-se resistente à alteração dos padrões de mobilidade. Segundo os sensos 2021, a cota modal em automóvel como responsável por 75% das viagens, um valor acima da média nacional e superior a registado em 2011. Este crescimento fez-se à custa do transporte público cuja quota modal decresceu, no mesmo período, de 14,7% para 12%. A representatividade do modo pedonal manteve-se sensivelmente constante. Estes resultados aumentam a responsabilidade do SMM na alteração dos padrões de mobilidade e de outras medidas de apoio.
A sessão que juntou cerca de 70 pessoas foi extremamente participada e construtiva, num modelo de participação que se revelou adequado e a ser replicado em sessões futuras. As posições defendidas pelos vários grupos de trabalho, foram genericamente consensuais, o que permitiu definir e validar os princípios basilares da política de transportes a ser integrada no PMUS de Coimbra.
Agradeço à escola a forma acolhedora como nos receberam, a todos os participantes e a toda a equipa do DEP e DMTT, pela forma profissional e empenhada com que organizaram a sessão.
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Av. Sesnando Davides
O passado sábado foi um dia histórico para Coimbra e agradeço a todos os que nos acompanharam. Abriu-se uma ligação da R. da Sofia à Avª Fernão de Magalhães, que a curto prazo terá continuidade até ao rio. Através da Av. Sesnando Davides, é agora possível chegar da Câmara Municipal à loja do cidadão, em menos de 1 minuto, por um espaço agradável, requalificado, atrativo e seguro. Com a requalificação da frente ribeirinha, outros canais serão abertos até ao final deste ano, num projeto global que irá assegurar uma verdadeira aproximação da cidade ao rio.
Esta é uma ambição com quase um século, integrada em diversos estudos e planos de desenvolvimento da Baixa de Coimbra, entre o qual destaco o plano de urbanização de Groer de 1940.
Mas esta é também mais uma componente que se conclui do projeto do Sistema da Mobilidade do Mondego, o primeiro projeto de BRT em Portugal, e que representa um Projeto disruptivo para a mobilidade urbana em Coimbra e que integra soluções inovadoras quer em termos tecnológicos, quer de infraestrutura quer de operação.
Este é um projeto que resulta da cooperação entre as IP, a MM e as CMC, numa solução global da qual muito nos orgulhamos. É muito mais do que uma avenida! É um projeto de regeneração urbana, da autoria do Sr. Arqt Gonçalo Byrne, que engloba intervenções no espaço publico integradas com a reabilitação de edifícios e criação de novas frentes urbanas. Esta é uma alavanca com grande potencial para alavancar a dinamização, revitalização e revivificação da Baixa de Coimbra.
Alguns afirmam que inauguramos obras que os outros decidiram ou promoveram. Mas importa sempre relembrar factos e repor a verdade.
O traçado do BRT, segue, na maioria do percurso, o traçado e as características aprovados em 2009 para o metro ligeiro de superfície (MLS), sob a alçada um executivo do PSD. A reconversão do MLS em BRT, ocorreu em 2017, por decisão governamental e que mereceu a aprovação do anterior executivo PS. Nesse processo e com vista a reduzir o nível de investimento decorreu o designado “corte de gorduras do projeto” que se traduziu na eliminação de inúmeras componentes essenciais, criando graves deficiências em termos de integração urbana e funcional. Talvez por isso, os projetos não foram abertos a discussão publica, nem tão pouco disponibilizados aos vereadores da oposição. Por isso eu e o Sr. presidente, enquanto vereadores do SC, votamos sempre contra estes processos.
Neste local, o anterior executivo sempre recusou demolir o tardoz da casa aninhas, criando deficiências ao sistema inaceitáveis. Com isso, o projeto aprovado e integrado na empreitada em curso era de um cais que colidia contra um edifício municipal, obrigando a todos aqueles que saíssem na Estação “Câmara”, com destino à Praça 8 de maio a circular pelo passeio do lado oposto e a dois atravessamentos desnecessários do canal do MetroBus, com gravíssimas implicações na segurança e na atratividade do sistema.
Com a demolição do tardoz da casa aninhas, decidida por este executivo, assim que assumimos funções, foi possível desafogar aquele espaço, criar uma praça aberta que trará uma nova vida à área envolvente, de onde emergem 2 caminhos diretos e seguros de ligação à Pç 8 de maio. Este trabalho foi ainda coordenado com as operações urbanísticas em curso, de forma a reconverter as traseiras das edificações, numa nova frente urbana, com projetos de arquitetura entretanto foram revistos.
Não posso deixar de agradecer à Metro Mondego, a abertura que sempre demonstrou em relação às solicitações fundamentadas da CMC, o que neste caso se traduziu na celebração de um protocolo de colaboração CMC/MM, onde a MM assumiu todos os encargos relativos à demolição do edifício, ao projeto da fachada e à sua execução,
Por diversas ações como esta, não posso deixar de recordar as palavras do Sr. Vice-Presidente da IP quando no seu discurso referiu que o “Projeto é agora muito melhor do que o inicial, fruto da colaboração com a CM de Coimbra”, que com o nosso olhar atento, fomos negociando e exigindo à IP.
Essa cooperação institucional permitiu implementar uma série de alterações de melhoria ao sistema, que a população nunca chegará a reconhecer, na medida em que, a solução original não chegou a ser implementada, escrutinada e avaliada pelos munícipes. Desde que assumimos funções que lutamos por fazer do SMM, um modelo de referência a nível nacional, uma solução a ser seguida por outras cidades, designadamente de média dimensão.
A Av. Sesnando Davides é um bom exemplo dessa cooperação e de modelo de benchmarking.
A cerimónia de abertura da avenida que contou com a honrosa presença da Sra Secretaria de Estado da Mobilidade, Dra Cristina Dias e do Vice-presidente das Infraestrututas de Portugal, Eng. Carlos Fernandes, permitiu ainda apreciar os edifícios requalificados no âmbito da empreitada da Metro Mondego, entre os quais o edifício-ponte que albergou uma pequena exposição de fotografia, com vista a perpetuar a memória e a reviver alguns dos momentos mais marcantes do andamento das obras. Foi ainda o momento para a apresentação do livro “Olhares distintos acerca de um projeto comum”, onde se reúnem os testemunhos de vários autores que tiveram um papel relevante em todo este processo, equipa que tive a honra e privilégio de integrar.
Devo referir que a Avenida disponibiliza 3 vias de circulação: 2 laterais destinadas ao MetroBus e uma central destinada a tráfego banalizado e que futuramente irá responder ao sentido de circulação Baixa-Alta. Impõe-se clarificar que, segundo a DIA em vigor, esta via apenas poderá abrir à circulação automóvel com a entrada ao serviço da linha Hospital. Nesse contexto, a CMC já solicitou à APA a definição de um período de transição, de forma a permitir a circulação automóvel na via central, sob gestão da CMC, o que, a ser aprovado, poderá contribuir para reduzir os níveis de tráfego na R. da Sofia. Outras soluções intermédias poderão ser implementadas, a serem analisadas. Até lá, a avenida terá fins meramente pedonais, disponibilizando um espaço único de fruição urbana, função que se pretende manter e promover em soluções futuras.
Esta opção justificou a definição de um arranjo paisagístico da Avenida recorrendo a mobiliário urbano (100 floreiras e blocos de granito) de forma a impedir fisicamente a circulação e o estacionamento ao longo das 2 vias de circulação do futuro MetroBus. A solução idealizada e executada pela CMC, mereceu um financiamento da MM para aquisição de 30 arbustos.
Informo ainda que permanece por executar a camada superficial com tonalidade avermelhada, com espessura de 4 cms, o que justifica o pequeno desnível existente entre o pavimento e a grelha das sargetas, o que nesta fase perturba a recolha das águas pluviais. Essa camada, exige requisitos técnicos específicos de aplicação, pelo que deverá ser executada em processo continuo, com os trechos adjacentes, ou seja, em simultâneo com a R. Olímpio Nicolau Fernandes.
Não posso terminar sem endereçar os meus agradecimentos institucionais a toda a equipa local da IP e da MM pelo constante apoio e cooperação nas múltiplas ações, e aos serviços municipais, em particular à DOAP e DEVJ, na pessoa do Sr. Eng. Santos Costa, pelo incansável apoio para que as coisas aconteçam.”