Intervenção na íntegra:
“Na última reunião de Câmara apresentei a posição deste Executivo sobre o dossier alta velocidade. O concurso de concessão lançado pelas Infraestruturas de Portugal apenas rececionou uma única proposta apresentada pelo consórcio Lusolav, liderado pela MotaEngil, a qual, por não respeitar a solução base estabelecida pela IP, em caderno de encargos, teve necessariamente de ser excluída do concurso.
Se a MotaEngil admite haver uma variante à solução posta a concurso, alterando a estação da LAV para Taveiro, como forma de poupar 500 milhões de euros, para este executivo, tal solução é inaceitável por acarretar prejuízos incalculáveis para Coimbra e sua região. A localização da estação em Coimbra B é a única solução capaz de responder às exigências de intermodalidade, incluindo a interligação com o SMM, aliado ao excelente trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no PP da Estação intermodal é a oportunidade para se fazer cidade.
Por isso, o movimento Juntos Somos Coimbra, votou a favor a recomendação apresentada pela CDU, na Assembleia Municipal, uma vez que seguiu as linhas gerais aqui por nós defendidas e à qual também se juntou o movimento Cidadãos por Coimbra (CpC). Seria desejável que a recomendação fosse votada por unanimidade, dando força, perante a IP e governo, à única solução que defende Coimbra. Mas tal não aconteceu!
Sem surpresa, o PS, mostrou estar fracionado, evidenciando a divisão interna e a falta de uma estratégia política perante um assunto de transformação estratégica e estrutural para Coimbra e sua região. Se a maioria dos deputados se absteve, mostrando não ter sequer uma opinião sobre o assunto, regista-se o voto contra do deputado do PS, Jorge Veloso, presidente da União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, acompanhado de uma declaração de voto onde defende a solução do Consorcio Lusolav: “Alta velocidade sim, desde que no quintal dos outros”.
Também o líder da bancada socialista, Ferreira da Silva, afirmou que o PS não iria votar “nem a favor nem contra” o documento, face à “brilhante intervenção do presidente da junta, com dados técnicos”, manifestando assim de forma direta o total apoio da bancada à posição defendida pelo Sr. Presidente da Junta, ou seja a aceitação da variante apresentada pela Lusolav.
Face a tanta confusão, no dia seguinte, é a Dra. Ana Abrunhosa, que se vê obrigada a contrariar a posição da bancada do PS na Assembleia Municipal, ao se demarcar da posição do PS local e defender publicamente que a estação de alta velocidade deve ser localizada em Coimbra-B, enfatizando a importância desta localização para a regeneração urbana e a centralidade da cidade. “Bela trapalhada”, usando os termos habituais dos nossos vereadores do PS!
Mas o mais surpreendente foi a intervenção do Pr. Junta Jorge Veloso para justificar o seu voto contra e que vale a pena esmiuçar. Ao defender afincadamente a solução da lusolav, e assim a poupança de 500 milhões de euros, descaiu-se em pormenores que apenas quem conhece a proposta poderia apresentar. Ou seja, mostrou conhecer bem a proposta apresentada pelo consórcio, quando a mesma se mantinha em fase de audiência prévia e por isso sob a esfera o júri. A questão pôs-se de imediato: como é que o Sr. Presidente da Junta teve acesso a tal informação, ainda confidencial e que nem a CMC conhece? Segundo ele a informação terá sido solicitada à Infraestruturas de Portugal, o que questionamos seriamente. Uma instituição publica não prevarica, desta forma, em questões do foro ético e jurídico. Por isso, em nome da clareza e da transparência, insto aqui o Sr. Pr da Junta a comprovar a fonte da informação que expos na AM.
Mas é ainda curiosa a sintonia e semelhança do argumentário utilizado na intervenção do Sr. presidente da Junta e o artigo publicado no Publico pelo Arqt. Nuno Martins no passado dia 5 de março.
Os artigos de jornal, deveriam servir para informar e esclarecer os interessados, com grande sentido de responsabilidade de quem os escreve. Mas este artigo peca por inúmeras inverdades, muitas delas graves e que apenas têm o objetivo de atacar, sem qualquer ética ou pudor a CMC, quando na realidade apenas revelam total desconhecimento do processo e sobre as matérias abordadas, por parte do autor. Vejamos alguns pontos:
Em síntese. Na política não vale tudo e sobretudo deve haver respeito pelos cidadãos. Haja ética!”
Câmara Municipal de Coimbra
Praça 8 de Maio, 3000-300 Coimbra