Intervenção inicial do presidente José Manuel Silva | Reunião de Câmara, 7 de outubro de 2024

 

 

Intervenção na íntegra:

 

«No passado mês de Agosto falei sobre espaços verdes e limpezas e anunciei que iríamos realizar no mês de Setembro uma auscultação online da opinião pública relativa à eventual reutilização do glifosato nos espaços urbanos, face às intensas críticas de algumas pessoas, também com responsabilidades políticas, relativamente às ervas nos passeios.

 

Recordo que o atual executivo camarário foi o primeiro, em Coimbra, que teve a coragem de suspender a utilização do glifosato em meio urbano, uma decisão deliberada e consciente, por razões ecológicas, de saúde pública, de proteção à saúde dos animais domésticos e de salvaguarda das importantes populações de insetos polinizadores. Porém, esta opção verde não foi bem compreendida por muitas pessoas.

 

É bom recordar que antes de nós os passeios não tinham ervas porque o partido socialista optou pela utilização extensiva de glifosato em meio urbano, certamente ainda ninguém se esqueceu, pelo que algumas intervenções socialistas sobre esta matéria são completamente desprovidas de ética e de memória.

 

Repare-se que este impacto era desconhecido em Coimbra e nunca tinha sido avaliado e medido, pelo que não havia certezas quanto à dimensão do crescimento das ervas ditas daninhas, mesmo sabendo que a calçada à portuguesa, um péssimo meio de cobertura para os nossos passeios, agravado pelo estacionamento abusivo, e que leva muitas pessoas a circular pela estrada, facilita o crescimento das ervas.

 

Procurámos alternativas eficientes ao glifosato, como o ácido pelargónico ou a monda térmica. Todavia, o nosso DAS, em conjunto com a DEVJ, que promoveu várias ações, procurando produtos alternativos, verificou que todos eles se mostraram tecnicamente ineficazes. Para manter a cidade limpa de ervas, por meios exclusivamente mecânicos, seria necessário um exército de pessoas.

 

A não utilização do glifosato e o clima de alternância entre sol e chuva aumentaram tremendamente a pressão operacional nos meses de primavera e verão, quer seja nos espaços verdes, quer seja nas ervas dos passeios e outras vias, com os resultados que são visíveis.

 

De qualquer forma, conscientes das necessidades acrescidas, descentralizámos as limpezas e manutenção dos passeios para as Juntas de Freguesia mais urbanas, com o competente pacote financeiro, um forte investimento camarário. Sendo este o ano de transição e avaliação e estando as Juntas de Freguesia a contratar pessoal e a adquirir maquinaria, acreditamos que o próximo ano será um ano de melhor limpeza e manutenção dos nossos passeios, como todos desejamos.

 

Neste contexto, a auscultação popular do mês de Setembro, relativa ao glifosato, foi um excelente momento de debate sobre a utilização de herbicidas em Coimbra, mas também, de modo algo surpreendente, de curioso desmascaramento da contraditória teatralidade daqueles que nos criticam alegando que não ouvimos as pessoas, o que é mentira, e que nos criticam com a mesma veemência porque as ouvimos, mas também daqueles que, nunca tendo revelado a coragem de fazer o que fizemos, apesar de terem governado Coimbra nos dois mandatos anteriores ao nosso, agora exigem que não utilizemos o glifosato por razões de saúde pública. Só agora é que descobriram que há razões de Saúde Pública? Andavam distraídos? De facto, há algumas pessoas na vida política conimbricense que ou não têm memória ou não têm consciência… Por uma razão, ou por outra, ou por ambas, não estão aptos a voltarem a governar Coimbra.

 

Os resultados da auscultação informal que realizámos relativamente à utilização de glifosato, que terminou no dia 30 de setembro e que, pela sua informalidade, foi realizada num simples formulário google, são interessantes. 

 

Obtivemos 5478 respostas, número elevado que, de alguma forma, nos surpreende.

 

Quanto à PERGUNTA 1 – Prefere tolerar algumas ervas, por razões ecológicas, de saúde pública, de proteção à saúde dos animais domésticos e de salvaguarda das importantes populações de polinizadores, ou prefere que se utilize glifosato, nas quantidades necessárias?

 

Sim, prefiro tolerar algumas ervas [5325 respostas] – 97%

 

Não, prefiro que se utilize glifosato, nas quantidades necessárias [153 respostas]

 

Quanto à PERGUNTA 2

 

A utilização do glifosato deverá apenas incidir nas vias de menor tráfego pedonal [46 respostas]

 

A utilização do glifosato deverá ser generalizada [107 respostas]

 

 

Conjeturando que as pessoas votaram realmente apenas uma vez, este é um resultado interessante, que demonstra que estava justo o programa da coligação Juntos Somos Coimbra.

 

Coimbra, por razões ecológicas, não quer a utilização do glifosato. As pessoas, numa opção assumida e consciente pela Saúde Comunitária, preferem tolerar algumas ervas nos passeios, numa espécie de renaturalização da cidade. Apraz-nos muito registar este resultado, com o qual estou totalmente de acordo, é melhor ervas naturais do que herbicidas tóxicos.

 

Obviamente, como acontece com qualquer executivo de qualquer Câmara do país, pretendemos ter uma cidade limpa e bem cuidada, apesar da evidente falta de civismo de algumas pessoas, e contamos que assim aconteça no próximo ano, fruto do trabalho que está a ser desenvolvido pelos serviços camarários e pelas Juntas de Freguesia. Os serviços camarários também estão a adaptar-se a esta nova realidade e a reforçar meios, o que exige alocar ainda mais recursos financeiros a este objetivo, para o que contamos que a receita de Coimbra continue a aumentar saudável e progressivamente. Trabalhamos ativamente para isso, fomentando a dinâmica económica, social, cultural e demográfica do concelho.

 

Paralelamente, recordamos algumas propostas que apresentámos anteriormente e que renovamos:

 

– Estamos disponíveis para entregar espaços verdes, sobretudo os de menor dimensão, total ou parcialmente, a pessoas que tenham gosto em cuidar deles, com a disponibilização de apoio técnico e de plantas por parte da Câmara. Para tanto, basta as pessoas manifestarem à Câmara essa disponibilidade e vontade. Fica este apelo em aberto, à espera de voluntários.

 

– Vamos também procurar reforçar parcerias com instituições ligadas à área verde e abrir a possibilidade a patrocínios de jardins por empresas, com base em mecenato e outsourcing.

 

– Estudaremos o reforço do outsourcing de mais espaços verdes, o que também obrigará a mais financiamento. Precisaríamos de mais cerca de 100 a 120 mil euros.

 

Finalmente, relembro que foi aprovado recentemente na Câmara a abertura de um concurso para 4 novos jardineiros, com reserva de recrutamento. Esperemos que haja candidatos suficientes. Precisaríamos de contratar muitos mais, mas isso iria onerar significativamente o insuficiente orçamento camarário. Coimbra precisa de crescer para aumentar o seu orçamento e capacidade de investimento.

 

Duas últimas notas sobre temas a decidir na reunião de hoje do executivo:

 

A proposta de aquisição de dois imóveis no “Quarteirão das Nogueiras”, na Baixa da cidade, na Rua João Cabreira e na Rua da Nogueira, representando um investimento total superior a 609 mil euros, com recurso a verbas previstas no Lote 2 do Empréstimo Bancário, que vai permitir criar na Baixa de Coimbra um quarteirão de residências universitárias com uma sala de estudo 24h. É uma mudança do paradigma, trazendo os estudantes à Baixa. Estamos a fazer o que nunca tinha sido feito pela revivificação da Baixa e, por muito que custe à oposição, continuamos a cumprir o plano Marshal para a Baixa de Coimbra.

 

Outra decisão, absolutamente emblemática, é representada pelo pagamento integral da dívida do Município à Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, no valor de 58.039,79 euros, referente ao montante de metade das rendas aplicadas e recebidas, entre 2005 e o terceiro trimestre de 2024, dos residentes nos 28 fogos edificados no âmbito do Projeto de Desenvolvimento Comunitário do Bairro da Conchada, que permitiu construir o Bairro da Misericórdia e acabar com as barracas naquele local. Como, mais uma vez, se confirma, continuamos a resolver muitos problemas do passado e, sobretudo, a alocar meios financeiros para honrarmos o bom nome e os compromissos anteriormente assumidos pela Câmara Municipal de Coimbra! Não posso deixar de manifestar a minha perplexidade por quem nos antecedeu não ter tido o mesmo cuidado.»

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