Intervenção inicial do presidente José Manuel Silva | Reunião de Câmara, 19 de agosto de 2024

 

 

Intervenção na íntegra:

 

«Estando em período de férias, espero que todos e todas tenham tido, ou ainda venham a gozar, umas excelentes e retemperadoras férias.

 

Eu já tive algumas férias, mas não houve um dia que não tivesse aberto o computador para trabalhar para a Câmara e para dialogar com os munícipes.

 

Hoje, numa intervenção mais levezinha e ecológica, gostaria de falar um pouco sobre os espaços verdes e jardins, pelouro do vereador Francisco Queirós. Esta problemática é mais visível e mais atreita a reclamações nesta época do ano, na medida em que temos uma carga de trabalho 3 a 4 vezes maior do que no período de inverno, devido ao crescimento acelerado das plantas, uma situação particularmente potenciada este ano pela intermitência de períodos de chuva, que aceleraram brutalmente o crescimento das plantas; um local intervencionado, ao fim de cerca de um mês já estava a precisar de nova intervenção, o que é realmente incomportável.

 

As cidades mais parecidas com Coimbra, em dimensão de espaços verdes, são Oeiras e Cascais. A primeira tem nos seus quadros 160 jardineiros e a segunda tem 135. De referir que as duas cidades também têm um enorme apoio de outsourcing.

 

A CMC tem 49 jardineiros, cuja média de idades está nos 52 anos, 18 deles têm serviços melhorados e aproximadamente 12 trabalhadores reformam-se nos próximos 2 anos.

 

Ora, a referência média de sustentabilidade operacional é de cerca de 1 jardineiro (sem restrições físicas) / hectare. A CMC tem aproximadamente 120 hectares em manutenção, dos quais 40 ha estão em outsourcing e 15 ha estão delegados nas juntas, com o correspondente pacote financeiro.

 

A conclusão é óbvia, como temos 65 hectares de espaços verdes e jardins em administração direta, deveríamos ter, pelo menos, 65 jardineiros. Ou seja, a Câmara precisava de cerca de mais 20 jardineiros.

 

Por exemplo, nos anos 80, o Parque Dr. Manuel Braga (PMB) tinha 17 jardineiros em permanência, orientados pelo “velho”, dito carinhosamente, encarregado Matos, que só tratavam do PMB e da Praça da Portagem.

 

Hoje, esta equipa tem apenas 7 jardineiros, menos de metade, que tratam dos espaços verdes de toda a zona de Santa Clara, Portagem, PMB, Convento São Francisco, separadores da Guarda inglesa, rotunda do Portugal dos Pequenitos, rotunda das Lages e adjacentes e rotundas da ponte Rainha Santa, até à rotunda do Leroy Merlin. O espaço a tratar multiplicou várias vezes e o número de jardineiros reduziu para menos de metade; é uma equação impossível de resolver e um trabalho impossível de cumprir com minúcia…

 

Acresce ao aumento da carga de trabalho a nossa assumida, deliberada e consciente decisão de não aplicação de herbicida (com glifosato), por razões ecológicas, de saúde pública, de proteção à saúde dos animais domésticos e de salvaguarda das importantes populações de polinizadores. o que aumentou muito significativamente a pressão operacional nos meses de primavera e verão, quer seja nos espaços verdes, quer seja nas ervas dos passeios e outras vias (intervenção da DECPAF – Divisão de Economia Circular, Proteção Ambiental e Florestas), aqui do pelouro do vereador Carlos Lopes. Procurámos alternativas eficientes ao glifosato. Todavia, o nosso DAS, em conjunto com a DEVJ, que promoveu várias ações, procurando produtos alternativos, verificou que todos eles se mostraram tecnicamente ineficazes. Para manter a cidade limpa de ervas, por meios exclusivamente mecânicos, seria necessário um exército de pessoas.

 

As consequências da não utilização do glifosato foram, inevitavelmente, passeios com ervas, que a opinião pública, infelizmente e injustamente, parece atribuir a incompetência dos serviços e da gestão camarária, o que não é verdade. Foi uma opção política e ecológica pela não utilização de herbicidas no perímetro urbano, que, pelos vistos, foi muito mal compreendida e pior interpretada, se bem que as redes sociais não sejam uma forma nada fidedigna de avaliar a real expressão e sentimento da opinião pública.

 

A questão da colocação de mais flores nos espaços verdes também representa um embelezamento que está, naturalmente, nos nossos objetivos. Há 4 anos foi efetuado um grande investimento, de 50 mil euros, para uma única época de 6 meses.

 

A cidade fica mais linda, naturalmente, mas a carga financeira e a sobrecarga de manutenção são enormes, acrescendo a tudo isto um maior consumo de água para alimentação das flores.

 

Saliento que a nossa produção do Horto não chega para tudo.  Neste momento estamos a avaliar a possibilidade de comprar mais uma estufa grande, representando um investimento de 80 a 90 mil euros, para duplicação da produção por época. Mas serão sempre necessários muitos mais recursos humanos.

 

Também o maior número de eventos desportivos, culturais, musicais, lúdicos e gastronómicos que se têm realizado, que são muito positivos para a dinâmica urbana, colocam um stress adicional sobre os espaços verdes, não permitindo a regeneração adequada dos relvados, exigindo mais cuidados e mais tempo de trabalho, o que tem sido motivo de análise entre a Câmara e as Juntas de Freguesia.

 

A reflexão que temos desenvolvido internamente, no que concerne à beleza e manutenção dos espaços verdes, passeios e outras vias, leva-nos a apresentar as seguintes quatro considerações:

 

1 – Vamos realizar no início de Setembro uma auscultação online da opinião pública relativa à reutilização do glifosato nos espaços urbanos. As pessoas preferem tolerar algumas ervas, numa espécie de renaturalização da cidade e pelas várias razões acima referidas, ou preferem que se utilize glifosato, nas quantidades necessárias? Estas são as alternativas relativamente às quais queremos que os conimbricenses decidam. Naturalmente, relativamente à utilização do glifosato haverá duas alternativas, usá-lo de forma generalizada ou usá-lo apenas nas vias de menor tráfego pedonal, que, na verdade, também é onde as ervas incomodam menos. Queremos que as pessoas decidam e agiremos conforme a vontade dos munícipes. Reafirmando que, se optarem pela não utilização do glifosato em passeios, será inevitável o convívio, que esperamos mais pacífico, com ervas nos passeios.

 

2 – Estamos disponíveis para entregar espaços verdes, sobretudo os de menor dimensão, total ou parcialmente, a pessoas que tenham gosto em cuidar deles, com a disponibilização de apoio técnico e de plantas por parte da Câmara. Para tanto, basta as pessoas manifestarem à Câmara essa disponibilidade e vontade. Fica este apelo em aberto, à espera de voluntários.

 

3 – Vamos também procurar reforçar parcerias com instituições ligadas à área verde e abrir a possibilidade a patrocínios de jardins por empresas, com base em mecenato e outsourcing.

 

4 – Estamos também a considerar, por iniciativa da Câmara, reforçar o outsourcing de mais espaços verdes, o que obrigará a mais financiamento. Precisaríamos de mais cerca de 100 a 120 mil euros.

 

Finalmente, relembro que foi aprovado recentemente na Câmara a abertura de um concurso para 4 novos jardineiros, com reserva de recrutamento, pois iremos precisar de mais. Esperemos que haja candidatos suficientes. Precisaríamos de contratar muitos mais, mas isso iria onerar significativamente o orçamento camarário. Coimbra precisa de crescer para aumentar o seu orçamento e capacidade de intervenção.

 

Obviamente, como acontece com qualquer executivo de qualquer Câmara do país, pretendemos ter uma cidade limpa e bem cuidada, apesar da evidente falta de civismo de alguns, mas, para isso, precisaremos de muito mais meios financeiros, técnicos e humanos.

 

Não podemos deixar de recordar que o executivo que nos antecedeu, para além de não conseguir evitar a perda de população, reduziu abruptamente o IMI de 0,35 para 0,30, sem cuidar em resolver previamente os problemas estruturais do concelho ou encontrar fontes alternativas de receita. Este ato de má gestão, que as famílias proprietárias nem sequer notaram, claramente populista e precipitado, retirou à Câmara, só durante o atual mandato, mais de 16 milhões de euros.

 

É fácil perceber que, desapropriado de 16 milhões de euros em 4 anos, o orçamento camarário não permite fazer tudo o que era necessário ser concretizado, o que se reflete negativamente a todos os níveis. Com mais 16 milhões, o concelho estaria diferente, evidentemente. Como toda a gente sabe, com poucos ovos não se fazem grandes omeletes.

 

Como resultado do nosso trabalho, nomeadamente de atração e fixação de novas empresas, já iniciámos um ciclo de crescimento, o que se irá refletir de forma salutar e progressiva nos futuros orçamentos camarários, pois mais munícipes e mais empresas são a chave para aumentar saudavelmente a receita, o que permitirá um maior investimento no concelho e nas pessoas.

 

Estamos no caminho correto, por isso apresentámos um programa eleitoral para 8 anos.»

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