Intervenção na íntegra:
«Na reunião anterior, a Senhora Vereadora Regina Bento, a propósito da minha deslocação ao Brasil, teceu algumas considerações que me surpreenderam, não só pelo seu teor, mas sobretudo por terem sido proferidas na minha ausência, o que revela, por parte da Senhora Vereadora, desculpe que lhe diga, uma falta de ética e seriedade política que, sinceramente, não lhe reconhecia.
Na sua intervenção, a Senhora Vereadora apontou o dedo a este Executivo, que apelidou de despesista, referindo-se concretamente ao meu nome.
Senhora Vereadora, eu admito que esteja preocupada com as contas da Câmara. Na sua qualidade de Vereadora da Oposição, é legítimo que o faça, e ainda bem. O que eu não percebo, nem tão pouco posso aceitar, é que faça insinuações a meu respeito, na minha ausência, baseada apenas em suposições e julgamentos precipitados, deixando transparecer para a opinião pública (de forma intencional, demagógica e claramente populista) a falsa sensação de que este Executivo, e a minha pessoa em particular, se apresenta na política com uma postura despesista da qual possa resultar prejuízo para o interesse público. A Senhora Vereadora, sendo licenciada em Direito, devia, no mínimo, ser mais diligente no apuramento da Verdade e mais esclarecedora relativamente aos factos que motivaram as suas afirmações, claramente ofensivas e com intuito difamatório. Das duas uma: ou a senhora vereadora fala do que sabe, e neste caso terá de apresentar provas que fundamentem as suas acusações, ou então, se realmente não sabe, se não está devidamente informada, não venha para o espaço público, com discursos moralistas, lançar falsos testemunhos baseada em meras suposições. E se o motivo da sua indignação são as contas, quanto a isso a Senhora Vereadora também não tem motivo algum para se preocupar, pela simples razão de que nenhuma despesa relacionada com a minha recente viagem ao Brasil foi paga pelo orçamento do Município. Nem bilhete de avião, nem alojamento, nem mesmo ajudas de custo. É verdade, Senhora Vereadora, e lá porque o seu Executivo mantinha a cultura salazarista do “orgulhosamente sós”, incapaz de olhar para o futuro com horizontes latos e visão estratégica, não significa que este Executivo, e eu em particular, tenha de adotar a mesma postura. É que o seu Executivo era tão poupado nos gastos como nos esforços, na medida em que nem nas reuniões das diferentes entidades – locais e regionais -, da qual o Município faz parte, marcava presença com regularidade, onde são discutidos assuntos de relevante interesse. E nas raras vezes em que se faziam representar, os Senhores eram sempre os últimos a chegar e os primeiros a sair (não estava lá, mas é o que me dizem). E isto é apenas um exemplo da manifesta falta de sentido político e da forma como se posicionavam até perante as mais elementares questões da política interna, descurando inclusivamente os mais básicos deveres de representação institucional, aqui sim, com evidente prejuízo para o Município. Por isso não me admira que promover institucionalmente as relações no plano externo, aprofundar os laços de cooperação institucional com outros países (nomeadamente ao abrigo dos Acordos de Geminação), marcar presença em eventos internacionais, fortalecer as ligações externas e levar o nome de Coimbra além-fronteiras (criando com isso oportunidades de promoção do nosso território com impacto na atratividade turística e na captação de investimento) lhe faça, naturalmente, uma certa confusão. Cumpre esclarecer que a minha deslocação ao Brasil surgiu na sequência de um contacto efetuado pelo Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal, Dr. Jatyr Ranzolin Júnior, que, na sua qualidade de CEO e representante desta entidade, enquanto responsável pela Organização, me convidou para estar presente na 3.ª edição da Feira Internacional de Negócios (FIN), onde fui apresentar Coimbra como destino de investimento Turístico.
A Feira Internacional de Negócios, para quem não sabe, é um evento internacional que reúne empresas de diversos setores provenientes de países de todo o mundo, com o objetivo de promoverem os seus produtos e serviços, estabelecer parcerias comerciais nas várias áreas de negócio, aumentar a rede de contactos, sendo, por razão da sua dimensão e natureza, um espaço privilegiado de networking, troca de conhecimentos e experiências. Nesta terceira edição, estiveram representados 47 países (dos seis continentes), sendo de salientar a presença de delegações internacionais com mais de 600 participantes de 60 nacionalidades, e um público total superior a 4500 participantes, em apenas 2 dias. De acordo com os dados divulgados pela organização, 300 expositores e empresas estiveram representadas nesta Feira, que se apresenta, aos olhos do mundo, das empresas e dos investidores, como uma das mais importantes plataformas para expandirem e aumentarem o volume dos seus negócios. Como vê, Senhora Vereadora, eu não fui ao Brasil apanhar banhos de sol. Eu fui convidado, na minha qualidade de Vice-Presidente e Vereador com competências delegadas na área do Turismo, para apresentar Coimbra como destino de investimento Turístico, na maior Feira Internacional de Negócios, onde estiveram representados outros municípios e delegações portuguesas. Por isso não percebo qual é o seu espanto e muito menos entendo a sua indignação. Se, para a Senhora Vereadora Regina Bento, representar o Município na maior Feira Internacional de Negócios são futilidades, então talvez esteja na hora da senhora Vereadora começar a repensar o que anda a fazer na política, porque claramente tem uma visão muito redutora.
Seja como for, eu espero que fique aqui bem claro, perante esta Câmara e todos os que nos estão a ouvir, que não me sinto minimamente afetado nem condicionado pelas suas palavras e também não deixarei de me deslocar onde quer que seja, só porque a Senhora Vereadora Regina Bento considera que devíamos, à semelhança do PS, continuar a definhar na política do isolamento, no conforto dos nossos gabinetes, alheios ao que se passa no país e no resto do mundo.
Relativamente às “festas e festinhas”, e ao tom depreciativo que utilizou para se referir ao trabalho que o Município tem feito para recuperar os anos de inércia em que Coimbra viveu mergulhado durante os 8 anos do executivo PS, também aqui não me surpreende. Eu até admito que o conceito da iniciativa que decorreu na semana da Páscoa, na Praça do Comércio, não seja do seu agrado pessoal. Outra coisa diferente é a Senhora Vereadora não perceber o alcance e o sentido estratégico que preside à realização destes eventos (seja o “Coimbra Doce” ou outros), que têm de ser entendidos na perspetiva do retorno para a economia local e do seu impacto na atratividade turística. Aliás, também não sei qual é o espanto quando existe uma Estratégia baseada num Plano de Ação Turístico, que foi apresentada publicamente no dia 27 de setembro, no Convento São Francisco, e presente a esta Câmara – onde os Eventos estão identificados como sendo um dos principais Eixos Estratégicos (juntamente com o Património) para posicionar Coimbra como um destino estimulante e atrativo. Se analisássemos a questão de forma simplista, apenas pelo lado da despesa, como a Senhora Vereadora fez, considerando exclusivamente (apenas e só) o valor do investimento, então nesse caso não faríamos evento nenhum, e Coimbra, em vez de crescer, continuaria a definhar como no tempo do PS. Eu admito, respeito, e tolero todas as opiniões e críticas que me queiram fazer, mas, sinceramente, fico espantado (ou talvez não), Senhora Vereadora, com a sua falta de visão estratégica e manifesta incapacidade de reconhecer a importância e o impacto – não apenas social, mas sobretudo económico – que tais eventos representam no contexto da economia local e regional, para o desenvolvimento do concelho, nomeadamente a nível turístico.»