Intervenção inicial da vereadora Ana Bastos | Reunião de Câmara, 4 de março

A vereadora Ana Bastos dedicou a sua intervenção inicial à discussão do Plano de Pormenor da Estação Intermodal de Coimbra. Ana Bastos lamentou algumas discussões que tenham ocorrido, sem o envolvimento da Câmara Municipal, e antecipando-se à sessão pública agendada para 15 de março. O Salão Nobre da CM de Coimbra vai acolher, no próximo dia 15 de março, às 9h30, a sessão pública de apresentação da proposta preliminar do Plano de Pormenor da Estação (PP) Intermodal de Coimbra, realizada por Joan Busquets e a sua equipa. O arquiteto catalão vai ainda, durante a manhã, apresentar a maquete do projeto e, já da parte da tarde, participar no debate da sessão pública aberto à população. O projeto de Joan Busquets prevê, entre outros elementos, uma Estação Intermodal, através de um edifício ponte, espaço para uma nova gare rodoviária (a atual está na Avenida Fernão de Magalhães) e repensa a ligação de toda a zona poente de Coimbra à zona central da cidade, nomeadamente à Baixa.

 

Intervenção na íntegra:

 

«Decorreu na última quarta-feira a ação denominada “Parque Multimodal do Choupal”, onde um grupo de cidadãos apresentou uma solução alternativa ao Plano de Pormenor da Estação Intermodal de Coimbra.

 

Abrir os planos/estudos em elaboração a debate e discussão pública é positivo e desejável particularmente se as mesmas prezarem por ações construtivas e realistas. Por isso, o temos feito. Desde que se iniciou este processo que a CM de Coimbra tem vindo a apresentar a evolução das soluções desenvolvidas e promovido vários momentos de discussão publica, tendo-se ainda disponibilizado para participar em todos os debates, promovidos por outras entidades, e para os quais for convidada.

 

Debater publicamente diferentes visões sobre assuntos relevantes é importante e essencial, mas acima de tudo importa unir esforços e ser capaz de convergir construtivamente para uma solução realista e praticável, sem se perder em demagogias, utopias e populismos.

 

Já no passado dia 4 de outubro, o movimento CpC decidiu debater o plano da estação, numa ação pública, sem envolver a CM de Coimbra no debate. A situação repete-se agora, com mais um debate, onde a CM de Coimbra, responsável pela elaboração, e a quem devem ser dirigidas essas propostas, é arredada da discussão. É razão para questionar, onde querem chegar estes movimentos com estas ações fechadas em si mesmas, apenas dirigidas aos meios de comunicação social, antecipando-se ao anunciado debate marcado para o próximo dia 15 de março?

 

Há razão para perguntar, porque é que os autores destas ideias nunca solicitaram uma reunião à CM de Coimbra ou ao autor do Plano, nem nos manifestaram qualquer intensão para discutirem soluções alternativas? Onde andavam estes movimentos quando deixaram o executivo PS aprovar o projeto de requalificação da estação de Coimbra B, que mais não era do que um simples lifting à estação atual, solução que inclusivamente inviabilizava a paragem da Alta Velocidade?

 

Agora que se está a desenvolver um plano ambicioso que integra as funções de intermodalidade e de renovação urbana, envolvido num processo transparente e irrepreensível em termos de participação pública, em vez de se congratularem e ajudarem a construir a solução, vêm lançar ruído, com pretensões não fundamentadas e abrir uma petição, como forma de atrasar e obstaculizar o processo, quando pouco ou nada acrescentam à solução em desenvolvimento. 

 

Deixando o oportunismo político de lado, importa analisar e desmitificar algumas das propostas avançadas e das quais tomamos conhecimento através da comunicação social:

 

  1. Os “Princípios subjacentes ao plano” são de forma geral consensuais com a solução em desenvolvimento. A estação responde á função intermodal e é o elemento central ao desenvolvimento territorial da área envolvente. O plano promove usos multifuncionais, onde se destacam os serviços, comércio, startups, turismo e residencial. Há preservação dos espaços verdes e da função agrícola, num espaço organizado e valorizado onde domina o verde.
  2. É proposta a “criação de uma mancha verde entre a Mata do Choupal e a Rua do Padrão de forma a criar um canal pedonal e ciclável entre a estação e a cidade, concentrando o tráfego motorizado na R. do Padrão”. Trata-se mais uma vez de um princípio consensual, considerando que o plano em desenvolvimento defende o eixo estação central-Lg. Portagem através da zona ribeirinha, como o grande eixo de ligação por modos suaves, num canal fortemente arborizado. Contudo o estudo de tráfego aponta para fortes congestionamentos na R. do Padrão/casa do sal, o que obrigou a manter a função rodoviária na Avª Aeminium de forma a distribuir os volumes de tráfego e hierarquizar funções. Contudo nada impede que, a prazo, esta via possa vir a ser eliminada, em função da evolução da alteração modal.
  3. Em consenso com o Município, também este movimento defende a demolição do viaduto do IC2 ao longo da Rua do Padrão e a reconversão deste espaço. A divergência centra-se na solução alternativa. O movimento defende o desvio do transito do IC2 para a rotunda da Fuccoli, através de um túnel a ser construído sob o Monte Formoso, enquanto o plano prevê a construção de uma nova ponte a ligar o IC2 diretamente à variante Sul a Coimbra, com passagem superior sobre o nó do Almegue.

 

Sublinhe-se que este túnel era já uma proposta apresentada pelo estudo de tráfego no plano desenvolvido para a estação intermodal, na versão de 2010, enquanto medida capaz de mitigar os congestionamentos do nó da casa do sal. Para além de ser uma solução muito cara, a verdade é que não resolve a ligação entre as 2 margens. Por isso em 2010 esta solução era complementada pela nova ponte sobre o Rio Mondego.

 

Considerando o nível de congestionamento atual quer da rotunda da Fuccoli quer do nó do Almegue, facilmente se depreende que o desvio do tráfego do IC2 e a consequente concentração deste tráfego nestas 2 interseções já saturadas, apenas iria agravar a situação, com graves consequências em termos quer de tempos de deslocação em ligações interzonais, quer de emissões ambientais.

 

Remeto essa discussão para o próximo dia 15, mas relembro que a nova ponte do IC2, defendida pela CM de Coimbra, aproveitará o canal já atualmente ocupado pela ponte ferroviária, não havendo aqui lugar a impactes ambientais muito significativos.

 

  1. Em complemento, defendem “necessidade de concretizar a ligação da A13, a sul de Coimbra, à zona Norte, de forma a criar uma circular regional e assim libertar o Açude ponte para o trânsito urbano”.

 

Mais uma vez de acordo em relação à continuidade da A13. Mas não sejamos utópicos. Tal não resolve a ligação entre as 2 margens. Quem é que acredita que o tráfego com origem IC2/IP3 e norte do concelho, com destino à baixa de Sta Clara/Solum/Polo II, é capaz de ser desviado para a A1 ou A13, mesmo que livres do pagamento de portagem?

 

Não basta idealizar soluções …é preciso estudá-las e fundamentá-las.

 

Em síntese, os princípios de base são convergentes, centrando-se a maior divergência na solução de encaminhamento do transito do IC2 entre as duas margens do Mondego. Mas, reafirmo: qualquer solução tem de ser validada por estudos de tráfego credíveis.

 

No dia 15, a solução em desenvolvimento será mais uma vez apresentada pelo seu autor principal, Sr. Arq. Joan Busquets, arquiteto graduado pela universidade de Havard e professor convidado de multiplas conceituadas universidades internacionais (USA, China, Suiça, Belgica, Holanda, Italia Inglaterra, Espanha…), homenageado com inúmeros prémios e menções honrosas a nível internacional e autor de um numero infindável de grandes projetos de requalificação/refuncionalização de espaço publico urbano, onde destaco o masterplan do quarteirão em torno das estações de Avignon  e da linha 3 em Toulouse em França. Autor da magnifica estação central ferroviária de Delft, na Holanda e de Shanghai, na China.

 

Em Portugal, para além do seu envolvimento na conceção da zona da Expo e da estação do Oriente em Lisboa, e no PU da estação intermodal de Coimbra em 2010, atualmente é ainda responsável pelos estudos da estação de Campanhã e de Leiria.

 

Trata-se de um profissional qualificado e que apesar do seu irrepreensível curriculum é um excelente ouvinte, extremamente acessível e disponível para ajustar a solução a novas ideias.

 

A existência de várias visões é saudável e positiva. Por isso reafirmo o convite para que todos os interessados participem e contribuam para melhorar a solução com propostas construtivas realistas e praticáveis. Temos é de ser capazes de construir a melhor solução, com diálogo, transparência, pertinência e consenso. A CM de Coimbra sempre esteve e continua disponível para discutir e receber sugestões e debatê-las, com fundamento.

 

Coimbra tem de estar unida na construção de uma solução ambiciosa, inovadora, funcional e que permita transformar aquele território em decaimento, numa nova centralidade, capaz de acomodar as dinâmicas e exigências de desenvolvimento territorial, que alavanquem o investimento público e privado, enquanto elemento central ao desenvolvimento social, económico e ambiental da cidade e da sua região.»

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