Intervenção na íntegra:
O primeiro parque infantil inclusivo do distrito de Coimbra foi inaugurado no passado dia 25 de fevereiro, em Eiras.
Através do contrato interadministrativo da Câmara Municipal de Coimbra, a União das Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades concretizou esta importante obra para o Município. Uma obra que, acima de tudo, é de extrema importância para todas as crianças portadoras de limitações, que têm agora, finalmente, um espaço na cidade de Coimbra onde podem brincar, como qualquer outra criança.
Numa cidade que se quer inclusiva, num Município que todos queremos como inclusivo, são estes os passos que levam a que se construam pontes e a que possamos criar uma sociedade e um mundo melhor, onde as crianças podem observar a diferença, entender a diferença e lidar de perto com outras crianças que, apesar de diferentes, têm todo o direito a brincar.
Este Parque Infantil, para além de um baloiço adaptado para cadeiras de rodas, tem um equipamento onde as crianças com limitações podem brincar junto a outras crianças, tornando-se assim num espaço de verdadeira inclusão. E, de facto, a inclusão não é mais do que o aperfeiçoamento básico humano de educar para a construção de um mundo mais sociável, de um mundo melhor… E este foi um passo importante para o que queremos construir para o Município de Coimbra. Uma Coimbra que pretendemos que seja cada vez mais inclusiva e justa.
Um ano de guerra na Ucrânia
Completou-se na passada sexta, dia 24 de fevereiro, um ano sobre o início da Guerra na Ucrânia, que assinalámos com a publicação simbólica de alguns momentos vividos até então.
Desde o primeiro momento, a Câmara Municipal de Coimbra (CM) esteve e está solidária com o povo da Ucrânia e na linha da frente no acolhimento a refugiados.
Expressando o desejo e o apelo a que fosse colocado um fim ao conflito e que se promovesse a paz e o diálogo, a CM hasteou no seu edifício a bandeira ucraniana, logo no dia 25 de fevereiro. Também na Reunião de Câmara de 07 de março, o Executivo Municipal aprovou por maioria uma moção de apoio ao povo ucraniano. A moção contemplava que a CM de Coimbra, num ato simbólico e em linha com as sanções internacionais aplicadas à Rússia, suspendesse o acordo de geminação com a cidade russa de Yaroslavl, assinado em 1984.
Face à grande solidariedade demonstrada pelos conimbricenses e ao apoio de inúmeras instituições e empresas do concelho e da região, a CM de Coimbra recolheu, de forma centralizada, inúmeros bens (alimentares não perecíveis, de higiene, material de primeiros socorros, de puericultura, roupa, sacos-cama, etc.) em apenas uma semana (de 28 de fevereiro a 4 de março), o que possibilitou o enviou de três camiões com bens para cidades polacas, junto à fronteira com a Ucrânia.
Logo no início de março, a CM criou também um banco de famílias para acolher refugiados ucranianos. O banco de famílias, constituiu-se com a inscrição de 262 famílias, sobretudo conimbricenses, permitindo o acolhimento de dezenas de pessoas deslocadas da guerra, num total de 159 que solicitaram apoio aos serviços sociais da Autarquia. Na última semana de março, e em resultado de uma parceria estabelecida entre a CM de Coimbra e o Exército, o Centro de Saúde Militar de Coimbra, instalado no antigo Hospital Militar de Coimbra, tornou-se no Centro de Acolhimento Temporário e transitório para Refugiados de Coimbra. O espaço, com capacidade para receber 45 pessoas, acolheu as primeiras refugiadas a 31 de março e, por ali passaram ao longo de 11 meses, 112 pessoas. O apoio prestado passou, para além do acolhimento junto de famílias que estavam inscritas no “Banco de Famílias”, pelo acompanhamento/apoio na obtenção da documentação legal; inscrição nos cursos de língua portuguesa, obtenção dos apoios sociais, alimentação e roupa. Os serviços de educação do Município apoiaram a integração das crianças e jovens nas escolas. Numa fase posterior, de preparação para a autonomização, através de apoio económico pontual para pagamento de despesas consideradas essenciais/ bens de primeira necessidade, as famílias foram acompanhas pelos/as técnicos/as das Comissões Socias de Freguesia em todas as fases do seu percurso até se autonomizarem.
A preciosa parceria com o Exército e com o Centro de Saúde Militar cessou no dia 15 de fevereiro com a saída das últimas 3 famílias que ainda ali se encontravam. Estas famílias, num total de 9 pessoas, encontram-se em processo de autonomização, acolhidas ao abrigo de um protocolo de colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, que disponibilizou um imóvel, sito em Cernache, para o efeito.
Em 25 de março de 2022, o Convento São Francisco acolheu o concerto solidário “Somos Todos Ucrânia – Estamos Juntos”, uma organização conjunta do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e da CM de Coimbra.
Como forma de apoio à integração e inclusão, o Grupo de Trabalho ‘Migrantes e Refugiados’ da Rede Social de Coimbra elaborou um Guião de Integração e Acolhimento para Refugiados, divulgou o Guia de Recursos para Acolhimento de Refugiados em Coimbra, e organizou a I Mostra Gastronómica – Iguarias da População Migrante (20 de junho), Atelier de Música e Jogos Didáticos da População Migrante (9 de dezembro) e promoveu a participação no I Mercadinho de Natal da População Migrante em Coimbra (22 e 23 de dezembro).
De referir que, desde setembro/2022, não têm sido rececionados pedidos apara acolhimento de pessoas refugiadas, no entanto a equipa técnica da Autarquia continua a acompanhar e monitorizar muitas das famílias que acolheu e que ainda manifestam algumas dificuldades de integração.
A realidade da integração num país com língua e costumes diferentes é sempre complicada, e mais o é, quando acontece num contexto forçado como este. Seja porque as pessoas naturalmente oferecem resistência em aceitar a nova realidade em que se encontram, seja porque o próprio país nem sempre dispõe dos melhores meios para dar resposta a estas situações, seja ainda pelos traumas de ter de sair do seu país, do seu território.
Foram muitas as dificuldades encontradas ao nível de obtenção de documentação e de agilização de mecanismos de apoio, pois os meios disponibilizados pelo Governo nem sempre se adequavam à realidade dos agregados e dos locais de acolhimento destes – a burocratização dos serviços foi gritante; foram muitos os medos e os cuidados para que estas pessoas não fossem vítimas de tráfico humano, nem enganadas ou iludidas com falsas promessas de integração e apoio; foram também muitas as barreiras levantadas pelos próprios ucranianos aqui acolhidos, em coisas tão simples com aprender a Língua Portuguesa ou qualquer outra que facilitasse a comunicação , por acharem que ao fazê-lo estavam a aceitar abandonar o seu país para sempre.
Mas, conseguimos superar estas dificuldades, porque mais do que abrir portas, os Conimbricenses abriram os seus corações e o seu companheirismo para estas pessoas que se viram obrigadas a abandonar o seu país, num extraordinário gesto de fraternidade e humanismo, sem o qual a missão de acolhimento destas pessoas não teria sido possível.
Este conflito, geograficamente não muito distante de nós, foi vivido de forma muito próxima por todos nós, num claro sinal de valorização da vida humana; mesmo perante os cenários complexos que esta guerra nos trouxe, nomeadamente os impactos negativos na economia, que se fazem sentir cada vez mais, nunca deixámos de estar disponíveis para ajudar e apoiar, fazendo ajustes no nosso dia-a-dia para que todos caibam neste enorme abraço solidário que iniciámos há um ano atrás e que não deixaremos amainar.
Aos ucranianos deixo o meu desejo de que a paz seja novamente uma realidade no seu país, aos Conimbricenses em geral, e, em particular, aos agregados que foram família de acolhimento, a todos e todas que ajudaram com bens e vestuários, e aos técnicos da CMC que se empenharam ao longo deste ano para que estas pessoas se sentissem acolhidas e integradas, o meu muito obrigada por toda a dedicação.