Intervenção inicial do vereador Miguel Fonseca | Reunião de Câmara, 30 de janeiro

Intervenção do vereador da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, Miguel Fonseca, no período Antes da Ordem do Dia da Reunião de Câmara de 30 de janeiro. Miguel Fonseca destacou o aumento substancial, face ao ano de 2021, do número de processos e respetivo valor cobrado em contraordenações rodoviárias, contraordenações gerais e execuções fiscais, bem como o aumento de cerca de 5M€ nos impostos diretos cobrados entre 2021 e 2022. O Mercado Municipal D. Pedro V foi, contudo, o tema central do discurso do vereador, que deu conta da última inspeção da ASAE ao espaço, da intenção de alguns comerciantes desistirem da sua atividade e dos esforços realizados para que reconsiderem as suas decisões. O vereador fez, ainda, um resumo das ações levadas a cabo por este Executivo municipal para a dinamização do Mercado, nas quais se incluem, entre outras, a realização de duas hastas públicas, a organização de eventos em conjunto com a empresa concessionária do espaço de restauração do Mercado, a inclusão do Mercado em eventos promovidos pela Câmara Municipal e, mais recentemente, a abertura do serviço de atendimento ao público da autarquia na Galeria Superior do Mercado do Peixe.

 

Intervenção na íntegra:

 

Esta é a segunda reunião de Câmara do ano, pelo que se afigura pertinente apresentar uma súmula da atividade desenvolvida em 2022 pela Divisão de Contraordenações e Execuções Fiscais desta Câmara Municipal.

                                             

Desta forma, no período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2022 foram decididos 2079 processos de contraordenações rodoviárias (processos principais e apensos), aos quais corresponderam 1699 decisões proferidas. Nestas decisões foi aplicado, em coimas e custas, um valor total de € 141.367,15, do qual foi cobrado até 31 de dezembro de 2022 o montante de € 56.274,36. Tendo em conta foi ainda cobrado o montante de € 14.898,41 referente a anos anteriores, daqui resultou um valor total cobrado de € 71.172,77 em 2022.

 

Comparativamente ao ano de 2021, constatou-se um aumento muito significativo nas decisões proferidas (1699 face a 661), que resultou também num valor total das coimas e custas aplicadas nessas decisões que mais do que duplicou (€ 141.367,15 vs. € 64.237,68).

 

O maior aumento, no entanto, registou-se no valor cobrado pelas coimas e custas aplicadas nestas decisões (€ 71.172,77), que mais do que triplicou o montante de 22.629,44 euros relativo ao ano de 2021 (sendo de realçar que nenhum dos juristas afetos às contraordenações gerais está a fazer tarefas relativas às contraordenações rodoviárias).

 

Já no que diz respeito às contraordenações gerais, foram decididos 318 processos em todo o ano de 2022 (processos principais e apensos), que se traduziram na aplicação de coimas e custas no valor de € 140.288,16 e na cobrança de € 46.514,29 (valor reportado a processos decididos no corrente ano, mas também a processos decididos em anos anteriores).

 

Também neste contexto, se registou um forte contraste com o ano de 2021, no qual foram decididos 113 processos de contraordenações gerais, que resultaram na aplicação de coimas e custas no valor total de € 19.554,55 e na cobrança de € 12.027,02 (que quase quadruplicou no ano de 2022).

 

Finalmente, no atinente às execuções fiscais, de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2022, procedeu-se à instauração de 16.020 processos (enquanto em período homólogo do ano de 2021 foram instaurados 8.855 processos) num valor total de € 518.449,33 de quantia exequenda (que compara com € 321.650,70 euros no ano passado). Destes, foram extintos 11.243 processos no valor total cobrado de € 536.189,97 (quantia exequenda + acrescidos legais), que compara com 4408 processos, num valor total de €235.764,28 euros em 2021, constatando-se assim que o valor cobrado nos processos de execuções fiscais mais do que duplicou.

 

Importa, novamente, sublinhar que estes bons resultados em termos de decisões proferidas e de valores cobrados resultam por um lado da alteração e simplificação de procedimentos, que tornaram possível agilizar o tratamento dos processos, mas acima de tudo do elevado empenho e dedicação às suas funções de toda a equipa da Divisão de Contraordenações e Execuções Fiscais, a quem presto o meu profundo agradecimento.

 

II

 

Já que falamos de receita (que é muitas vezes encarada como o “parente pobre” do Orçamento), aproveito para destacar a tendência ascendente que tem sido observada desde 2018 nos impostos diretos arrecadados pela autarquia, que representam cerca de 40% das receitas totais cobradas.

 

Neste contexto, registou-se um aumento de aproximadamente 5M€ nos impostos diretos cobrados, entre 2021 e 2022, constituindo os impostos imobiliários as duas principais fontes de receita municipal. Contudo, a evolução registada tem sido distinta, na medida em que o valor da coleta de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que decresceu em 2018 com a descida da taxa para o valor mínimo, vem-se mantendo entre 25 e 26 M€, ao invés do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) que tem aumentado de forma muito acentuada (de aproximadamente 10 M€ em 2018 para 18 M€ no último ano), em consonância com os dados nacionais, em que se constata uma crescente aproximação entre os valores dos dois impostos.  Ainda no que respeita ao ano de 2022, verificou-se um acréscimo significativo na derrama (de 3,4 M€ para 5M€), o que expressa uma evolução positiva dos lucros das empresas sediadas no nosso Município.

 

Esta evolução é digna de realce, mas não deve porém ser encarada com excessivo otimismo, porquanto a inflexão observada pelas taxas de juro, com uma trajetória de subida que se acentuou com a eclosão do conflito militar na Ucrânia, induziu uma maior instabilidade no mercado imobiliário português e está já a refletir-se desfavoravelmente nas famílias e nas empresas, o que vai obrigar seguramente a um rigor acrescido na execução da despesa durante o presente ano (assim como um rigoroso acompanhamento da execução da receita, pois como foi referido quando da sua preparação, estamos perante um orçamento para 2023, muito condicionado, o que irá exigir uma constante monitorização da sua execução).

III

 

Aproveito igualmente esta ocasião para transmitir que, no final de dezembro, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou, dentro das suas competências e normal funcionamento, uma ação de fiscalização no Mercado Municipal D. Pedro V.

 

Na sequência dessa ação de fiscalização, a ASAE levantou alguns autos por falta de afixação de preços e um por falta de controlo metrológico de uma balança (tendo sido efetuada logo a reposição da legalidade através da verificação por técnico credenciado), não tendo resultado qualquer auto da parte da Câmara Municipal.

 

Importa sublinhar que não é ao Município que cabe o controlo das irregularidades detetadas pela ASAE. Cabe sim à Câmara Municipal zelar pelo bom funcionamento do Mercado, acompanhando os comerciantes que aí desenvolvem a sua atividade (devendo a este respeito esclarecer-se que as taxas mensais cobradas aos operadores permanentes e aos produtores agrícolas se mantiveram inalteradas, após um vasto período de isenção, quando da pandemia de Covid-19, que vigorou até 31 de março de 2022) e supervisionando a gestão e exploração deste espaço municipal.

 

IV

 

Confrontados no início do ano com dez pedidos de desistência de atividade (seis bancas hortícolas, duas lojas de vestuário, uma mercearia e um talho) no Mercado Municipal D. Pedro V, de imediato marcámos uma reunião de emergência para perceber quais os motivos efetivos dessa solicitação e avaliar em que medida poderíamos contribuir para reverter essa decisão.

 

Esta reunião realizou-se no dia 17 de janeiro, com sete comerciantes que tinham apresentado desistência da sua atividade, com a minha presença e de dirigentes do Departamento de Desenvolvimento Económico, Empreendedorismo, Competitividade e Investimento e da Divisão de Licenciamento e Fiscalização de Atividades.

 

Procurou-se apurar, junto dos comerciantes, as motivações para apresentação de desistência e concluiu-se que muitos deles já tinham essa intenção há bastante tempo, por várias razões, entre as quais estão a sua idade avançada, nalguns casos, os baixos níveis de procura, com abrandamento sucessivo ao longo dos últimos anos, as atuais, embora temporárias e necessárias, obras junto ao Mercado, e os recentes requisitos impostos pela Autoridade Tributária, no que à faturação respeita, e que poderão implicar a aquisição de software contabilístico não comportável pelos comerciantes.

 

V

 

Perante a argumentação utilizada pelos vendedores, procurámos antes do mais sensibilizá-los no sentido de reconsiderarem a sua decisão, pedindo-lhes que ponderassem sobre o assunto durante mais algum tempo.

 

Sabendo também que o ano de 2023 trouxe novas obrigações legais para os comerciantes, e que o desconhecimento manifestado e o receio de não serem capazes de resistir às novas regras, não só lhes causou preocupação como pode ter sido decisivo para a vontade de desistência, de imediato contactámos a Direção de Finanças de Coimbra e a Direção da Unidade Regional do Centro da ASAE, no sentido de apurar a sua disponibilidade para a realização de uma sessão de esclarecimento, promovida conjuntamente. A essa solicitação ambas as entidades acederam prontamente, estando agendada uma ação para o dia 7 de fevereiro, tendo como destinatários os vendedores e comerciantes do Mercado Municipal D. Pedro V, com vista a esclarecer as regras de faturação a que estão obrigados de acordo com os diferentes regimes existentes.

 

A sessão, que pretende proporcionar não só a exposição de conteúdos, como o esclarecimento de dúvidas que possam existir, conta também com o envolvimento da CoimbraMaisFuturo. Esta Associação de Desenvolvimento Local, que mantém uma estreita relação com os agricultores e produtores que vendem no Mercado, tem previstas, para o primeiro semestre deste ano, campanhas de sensibilização para promover a comercialização e o consumo de proximidade, no âmbito do PDR 2020.

 

A grande mudança, que está em vigor desde 1 de janeiro, é o facto de ser obrigatório um código único em cada fatura, “ATCUD”, que tem tradução num QRCode, o qual tanto pode figurar em faturas manuais, como impressas na hora. As outras obrigações, ao que sabemos, estão ligadas ao volume de faturação e ao regime de IVA em que estão enquadrados os empresários e comerciantes.

 

Convém, no entanto, ressalvar que a legislação na base destas alterações e que provavelmente induzirá à desistência de alguns comerciantes é da responsabilidade do Governo e não, naturalmente, da Câmara Municipal. Nesse sentido, aproveito para apelar a que a legislação tenha mais consideração por comerciantes que, apesar da sua idade avançada, se mantêm em atividade, isentando-os de mais complicações burocráticas e exigências financeiras, pois o País só ganha em mantê-los no ativo!

 

VI

 

Neste contexto, importa ainda relembrar que desde a entrada em funções do atual Executivo, foram realizadas duas hastas públicas para a atribuição de locais de venda no Mercado Municipal D. Pedro V, nos dias 22 de março e 2 de novembro de 2022.

 

Tal constituiu um grande contraste com o passado, pois as duas anteriores hastas públicas para atribuição de espaços no mercado tinham sido realizadas em 20 de novembro de 2003 e 29 de dezembro de 2012. Ambas tiveram uma fraquíssima afluência de interessados, verificando-se que, na primeira, foram arrematadas, pelo valor base, as 3 lojas exteriores e 1 banca de hortícolas, enquanto que na seguinte foram arrematadas apenas duas lojas, pelo valor base, mas só uma chegou a abrir.

 

Das hastas públicas realizadas em 2022, resultou a adjudicação de 21 lojas, 9 das quais estão já abertas ao público, outras 9 irão abrir brevemente, duas concessões foram anuladas e uma provavelmente será também anulada por não ser possível contactar a proprietária há quase dois meses. No que respeita a bancas foram adjudicadas 11, das quais 9 delas já abertas ao público e duas apresentaram desistência em janeiro de 2023.

 

VII

 

Sabemos que por vezes há desistências que são impossíveis de reverter, quer pela idade dos vendedores, quer por outras razões. Deparámo-nos com elas agora, e surgirão noutros momentos. A nossa missão será sempre, como até aqui, fazer com que o Mercado continue vivo e dinâmico, oferecendo aos comerciantes as melhores condições para que possam exercer a sua atividade e também proporcionar aos clientes (atuais e potenciais) condições de conforto e atratividade.

 

Para tal, temos levado a cabo um conjunto de iniciativas com o propósito de captar novos públicos e dinamizar este espaço emblemático da cidade, recentemente requalificado.

 

Não podemos naturalmente deixar de destacar a estreita relação mantida com a Renasceia, empresa concessionária da Praça do Mercado e Restaurante Peixe do Mercado (espaços de restauração sitos no Mercado D Pedro V), e que tem trabalhado em colaboração constante com a Câmara Municipal no sentido de dinamizar o espaço e impulsionar a visita ao mesmo. Diversos exemplos como a primeira edição do ÓhquetugaFest, que decorreu no último fim-de-semana de setembro e no primeiro de outubro, a animada Fan Zone durante o Mundial de Futebol, a integração do Mercado na programação de Natal promovida pelo Município, ou o mais recente Strong Beers – Festival de Inverno, realizado já neste mês de janeiro (no qual, de acordo com dados que nos foram apresentados pelo promotor da iniciativa, estiveram presentes mais de 2000 pessoas, a maioria das quais não têm hábito regular de deslocação ao Mercado), assim como outras iniciativas que se seguirão, comprovam o empenho conjunto em colocá-lo nos roteiros da cidade e num ponto de paragem obrigatória para os residentes e para quem nos visita!

 

Além de eventos como estes, que queremos que se tornem cada vez mais regulares, é nossa intenção também que a visita ao Mercado passe a fazer definitivamente parte do quotidiano dos conimbricenses. Sinal disso mesmo foi a abertura, na passada segunda-feira, dia 23 de janeiro, do serviço de atendimento ao público da Câmara Municipal de Coimbra que passou a estar centralizado na Galeria Superior do Mercado do Peixe, com oito postos de atendimento presencial, dois postos de consulta de processos, espaços para postos de trabalho e uma sala de espera, a funcionar de segunda a sexta-feira entre as 08h30 e as 16h30. Um serviço que tem em média 100 atendimentos por dia.

 

Também o TUMO, apresentado na quarta-feira, dia 25 de janeiro, e que vai ocupar as instalações do antigo edifício dos CTT de Coimbra, paredes meias com o Mercado Municipal, irá contribuir para uma maior afluência e dinamização deste espaço. Será o primeiro centro de tecnologias digitais e criativas TUMO em Portugal, que reúne um vasto conjunto de investidores privados e a Câmara Municipal de Coimbra, e irá certamente trazer uma nova vida a esta zona, dado que será frequentado por cerca de um milhar de jovens a partir de setembro.

 

Da nossa parte, posso assegurar que todos os esforços serão feitos para dotar este espaço emblemático de uma nova dinâmica e para captar novos públicos, preservando a tradição e o calor humano que o caracterizam.

 

A terminar deixo, pois, a todos o convite para irem ao Mercado, verem como está, conhecerem as suas novas lojas e potencialidades, com a tradição de sempre. É uma visita que vale seguramente apena!

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