Intervenção na íntegra:
«Começo, naturalmente, por cumprimentar e agradecer ao Senhor Luís Correia, Presidente da União de Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades (e a todos os seus fregueses), a disponibilidade e amabilidade de nos acolherem, permitindo a realização e transmissão da reunião de Câmara a partir deste espaço.
Aproveito a minha intervenção de hoje para informar que, na semana passada, começaram, finalmente, os trabalhos de recolha e transporte da coleção do Dr. Manuel Louzã Henriques, cujo espólio, composto por milhares de peças, ficará instalado na Casa Municipal da Cultura, em depósito no Município, que se encontra responsável pelo seu estudo, preservação, promoção e divulgação.
Recordo que o Dr. Manuel Louzã Henriques, para além da sua atividade profissional como médico psiquiatra, dedicou grande parte da sua vida a um vasto conjunto de atividades de natureza cultural, designadamente nas áreas da Antropologia e da Etnografia, e, neste último campo, procedeu ao estudo, recolha e coleção de objetos da cultura popular, rural e urbana, nomeadamente:
▪ Instrumentos musicais (350);
▪ Máquinas de música (267);
▪ Máquinas de escrever (189);
▪ Máquinas de costura (71);
▪ Máquinas fotográficas (97);
▪ Telégrafos e telefones (59).
Ainda em vida, o Dr. Louzã Henriques manifestou o desejo de doar as suas coleções à Cidade de Coimbra, dando preferência ao Município, e, após a sua morte, a família veio reiterar essa intenção.
Na sequência do exposto, ainda durante o mandato do anterior Executivo, tiveram lugar diversas reuniões com o Dr. José Borges Pinto, mandatário representante da família, para estabelecer e definir algumas condições básicas e termos do acordo, tendo em vista a doação do espólio do Dr. Manuel Louzã Henriques à CMC, a aceitação/receção formal por parte do Município e a subsequente musealização e exposição das coleções, para usufruto público. Instruído o processo, que mereceu o despacho favorável da então Senhora Vereadora, Doutora Carina Gomes.
Aproveito esta oportunidade para agradecer publicamente aos herdeiros (esposa, filho e netos) por abdicarem dos seus legítimos direitos, concedendo a este Município a oportunidade de incluir no seu património cultural e museológico um acervo com este reconhecido valor histórico, etnográfico e artístico. O património tem uma importância cultural que merece ser divulgada e considerando, por outro lado, a proximidade da data do aniversário do colecionador (6 de setembro), estamos também a planear realizar, mediante a disponibilidade da sala de exposições da Casa Municipal da Cultura (cuja programação é da competência da Divisão de Bibliotecas e Arquivo Municipal), uma exposição, com inauguração prevista para o início do mês de julho e duração até ao dia 6 de setembro, por forma a assinalar o dia do nascimento do colecionador benemérito, que, se fosse vivo, completaria este ano 90 anos. Com esta coleção, o Município passa a dispor, no seu património museológico, de um conjunto de objetos e utensílios que urge preservar, promover e divulgar, para que, através deste importante espólio, as gerações atuais e vindouras possam adquirir uma consciência mais nítida da história, numa perspetiva cronológica e evolutiva do desenvolvimento humano, cultural, tecnológico e industrial, sem esquecer naturalmente a componente etnográfica associada aos instrumentos musicais, que testemunham as vivências e manifestações artísticas do povo português. Trata-se de um espólio que, para além do seu valor patrimonial, avaliado em 175 740,00€, tem obviamente um interesse cultural associado que ultrapassa largamente o seu valor material. A extensão das coleções e a sua complexidade dificilmente permitirão uma exposição permanente. Em alternativa exigirão que se desenvolva um trabalho regular de estudo e ciclos de mostra de coleções, na sequência do trabalho continuado de estudo e catalogação que tem vindo a ser efetuado pelo Dr. Luís Louzã Henriques ao longo dos últimos meses, sob a coordenação da Divisão de Museologia.»